A INQUISIÇÃO

 

 

BÊNÇÃO ESPECIAL  

 

Editorial do dia 8 de Março de 2015  

 

Nesta Página da Amen, pode encontrar a abordagem dO Tema Global de

A INQUISIÇÃO

ÍNDICE 

 O que foi a Inquisição

 Pequena História da Inquisição

 A Inquisição Católica

  Inquisição Espanhola

  Inquisição Portuguesa

 A Inquisição Protestante

 Alguns dados estatísticos da Inquisição

 Conclusões

 

 

 

 O que foi a Inquisição

Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício, foi uma Instituição da Igreja Católica que entrou em funções em 1229 pela mão do Papa Gregório IX, e teve como objectivo o combater as heresias.

Temos de ter consciência de que a Inquisição foi criada num tempo em que, como dizia São Tomás de Aquino, «Se falsificar a moeda do rei, dava pena de morte nos tribunais civis, não será muito mais grave falsificar a Fé Católica, que leva as pessoas para o inferno?» Por dá cá aquela palha, as pessoas eram condenadas às maiores penas, inclusive à tortura e à morte. Os reinos e os condados andavam todos em guerras ferozes uns contra os outros, matando-se a torto e a direito. Era uma época extremamente violenta e sanguinária, principalmente no domínio civil. A Europa tinha estado dominada pelos bárbaros que a invadiram no século V, e a única força que subsistiu foi a Igreja Católica que fundou a Cristandade, que fundou a Europa em bases Cristãs, lutando contra povos e ideologias bárbaras. Naquela época o grande valor do homem era a Alma, e daí a Igreja ter sido tão firme na sua defesa. Por isso é que São Tomás de Aquino defendia que falsificar a Fé era muito mais grave do que falsificar a moeda do rei.

Por esta ferocidade das relações sociais daquele tempo, temos de olhar também para as instituições e acontecimentos daquele tempo, à luz da ferocidade e violência daquele tempo, e não olhar para os acontecimentos e instituições daquele tempo com os olhos da brandura de costumes de hoje em dia. Fazer isso, é um terrível erro historiográfico.

O que se passou nos passados séculos XIX e XX, foi a utilização sistemática da mentira, pelos inimigos da Fé Católica, com o objectivo de denegri-la e atacá-la, com o recurso a imagens muito posteriores à Inquisição, referidas a ocorrências civis, ligando-as errada e maldosamente à Inquisição.

Com a criação da Biblioteca de Salamanca, em que se encontram todos os Processos da Inquisição que foram abertos em Espanha, e o seu estudo e análise pormenorizado por historiadores isentos, apuraram-se o que na verdade se passou com a Inquisição Espanhola e conclui-se que a maior e esmagadora parte do que se dizia dela era uma mentira monstruosa. Montanus foi o maior detractor da Inquisição Espanhola. Era um inimigo da coroa real, e fez-se passar por uma vítima protestante da Inquisição, inclusive, inventando aquele nome, mantendo-se cobardemente no anonimato.

Biblioteca de Salamanca

Com a abertura dos Arquivos Secretos do Vaticano, pelo Papa João Paulo II, também houve a possibilidade de analisar e estudar a Inquisição, com base em documentos reais e verdadeiros, e as conclusões foram igualmente reveladoras da inocuidade da Inquisição, se comparadas com as invenções maldosas que os inimigos da Igreja Católica atribuíam à Inquisição.

Arquivos Secretos do Vaticano

O vir à luz do dia a verdade sobre a Inquisição, com os Estudos feitos, por historiadores isentos, sobre a documentação existente na Biblioteca de Salamanca e dos Arquivos Secretos do Vaticano, veio trazer uma acalmia em sede de ataques à Inquisição. Demorou vários séculos, mas por fim a verdade venceu.

Na verdade, os tribunais do Santo Ofício, da Inquisição, eram muito mais brandos e muito mais justos do que os Tribunais Civis da época. Já na época da criação da Inquisição era habitual a condenação à fogueira dos hereges e das bruxas, sendo habituais os abusos, desmandos e injustiças nesses julgamentos de Trunais Civis. O caso mais mediático destes desmandos e manipulações, foi o ocorrido no século XV com Joana d’Arc, que tendo sido presa pelos borguinhões e seus aliados ingleses protestantes, acabou por ser queimada na fogueira, por uma injusta condenação de um Tribunal Civil, manipulado pelo Duque de Borgonha, em 1431.

 

Santa Joana d’Arc vítima de um tribunal civil borguinhão

Um aspecto a ter em conta, é que a partir dos séculos XI e XII, o sentimento religioso atingiu o seu ponto mais alto passando a ser as próprias comunidades cristãs a utilizarem a violência contra as correntes consideradas anticristãs. É devido a esta situação que decorreu a necessidade de institucionalizar a Inquisição, se bem que a sua origem esteja na Igreja Católica, era insistentemente pedida para os seus países pelos seus Reis, para evitar condenações pelas mão de populares, como se passou por exemplo em Portugal e em Espanha, com Fernando e Isabel, os Reis Católicos. Portanto, eram os poderes civis que requisitavam a Roma a abertura do Tribunal do Santo Ofício nos seus Reinos. Sabendo a Santa Igreja que se podiam dar abusos em certos países, tentava restringir ao máximo o seu uso. Foi isso que se passou, de certa maneira, com a Espanha, que só depois de muito pressionado, o Papa consentiu na abertura do Santo Ofício naquele país, como sendo uma escolha de um mal menor, o que é aprovado pela moral Católica. Os Reis daquela época exerciam grandes pressões sobre os Papas, a ponto de terem mantido 5 Papas, praticamente, em cativeiro em Avignon. Foi preciso uma Santa Catarina de Sena ir a Avignon e convencer o Papa Gregório XI a voltar para Roma. Por aqui se pode avaliar a relutância com que os Papas abriam Tribunais da Inquisição. Se alguns males se podem, certamente, atribuir à Inquisição, eles se deveram mais aos poderes civis e protestantes do que à Igreja Católica.

 

 

 Pequena História da Inquisição

Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício, foi inicialmente uma Instituição da Igreja Católica que entrou em funções em 1229 pela mão do Papa Gregório IX, e teve como objectivo o combater as heresias, como veremos mais pormenorizadamente a seguir. Nestas heresias, figurava em primeiro lugar o Catarismo.

 

Papa Gregório IX

 

O combate ao Catarismo prolongou-se por muitos anos, e o Papa Inocêncio III não tendo obtido resultados pacíficos para deter a heresia dos Cátaros, levou a cabo a Cruzada Albigense, para pôr fim a esta heresia, que grassava no Languedoc, sul de França nas cidades de Albi, Toulouse e Carcassone, em 1208. Era aí que se encontravam os maiores redutos dos Cátaros, “sedes de Satã”, como eram apelidados então.

Papa Inocêncio III

A heresia dos Cátaros, que originou a criação da Inquisição, era particularmente nociva e virulenta, pois que acreditando no Dualismo, isto é, a existência de dois deuses, um do bem e outro do mal, em que o Deus bom criava a alma, e o deus do mal criava o corpo. Assim, apoiavam o assassinato de mulheres grávidas, para evitar a proliferação do mal, através do nascimento das crianças. Eram favoráveis ao suicídio, eram contra o casamento, teorias contrárias ao que ensina o cristianismo. Desse modo, os hereges eram vistos como revolucionários, e tratados como tal, tanto pela sociedade quanto pelo próprio governo, pois o governo sendo cristão, a heresia era tida pelo governo como crime de lesa-majestade; a falta contra Deus era punida pela Lei Civil. Os próprios governos da época exigiram que a Igreja Católica tomasse uma posição.

Para além do Catarismo havia outras heresias e perigos que ameaçavam a Fé Católica. Para além do Protestantismo, havia o Islamismo e o Judaísmo, duas religiões que também foram alvo da Inquisição.

Da mesma forma que o Catolicismo se sentia ameaçado pelas heresias, também o Protestantismo, sentindo-se ameaçado pelo Catolicismo, quis combater desde a sua criação, aqueles que se lhe opunham, e seguiu o modelo da Inquisição Católica, com duas diferenças essenciais:

 1ª) A Inquisição Protestante era feroz e terrível.

 2ª) Os Católicos eram o principal alvo da Inquisição Protestante.

Desta forma, não podemos falar em termos abstractos de Inquisição, porque simplificando a análise e o conhecimento, distanciamo-nos da realidade e adulteramos a verdade. Para conhecermos a Inquisição no seu todo e tecermos um justo juízo sobre aqueles que dela participaram, temos de analisar e falar separadamente da Inquisição Católica e da Inquisição Protestante, pois foram de facto dois mundos distintos, quer nos objectivos, quer nos meios, quer nas penas aplicadas.

A Inquisição Protestante foi desmedidamente mais cruel e sanguinária do que a Católica. Muitos dos crimes perpetrados pela Inquisição Protestante, foram atribuídos à Inquisição Católica, ou por ignorância, por nem saberem da existência da Protestante, ou por dolo e má fé, pelos inimigos da Igreja Católica. Esta destrinça é fundamental para se poder falar da Inquisição, pois com sinal contrário, a ignorância deste facto foi fomentada pelos inimigos da Fé Católica.

Outro aspecto a ter em consideração, é de que, na época medieval, não era comum o recurso à pena de prisão, e por isso, não era utilizada como forma de sanção contra crimes. Ou seja, se um sujeito cometesse um crime, não existia ainda a prática civil de mandar para a cadeia os delinquentes. Essa prática só se tornou comum a partir do século XVIII. Assim, no tempo medieval era comum a aplicação de penas (pelo próprio poder civil) que hoje nos pareceriam assustadoras. Por exemplo: a pena de tortura e a pena de morte eram bastante comuns, bem como a fogueira, que também já era utilizada. Essas eram as formas habituais de punição pelos crimes cometidos.

Adriano Garuti, historiador, diz: "A pena de morte foi empregada não somente na Inquisição, mas praticamente em todos os outros sistemas judiciários da Europa".  Noutro momento, diz também: "As cenas de sadismo que descrevem os escritores que se inspiraram no tema, tem pouca relação com a realidade"; "em comparação com a crueldade e as mutilações que eram normais nos tribunais seculares, a Inquisição mostra-se sob uma luz relativamente favorável; este facto, em conjunção com o usual bom nível da condição de seus cárceres, nos faz considerar que o tribunal teve pouco interesse pela crueldade e que tratou a justiça com a misericórdia."

Henry Kamen, historiador especialista na Inquisição Espanhola, diz sobre o uso da tortura: "Numa época em que o uso da tortura era generalizada nos tribunais penais europeus, a inquisição espanhola seguiu uma política de benignidade e circunspecção que a deixa em lugar favorável, se comparada com qualquer outra instituição. A tortura era empregue somente como último recurso e se aplicava em pouquíssimos casos."

 

 A Inquisição Católica

Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício, foi uma Instituição da Igreja Católica que teve a sua génese no Sínodo de Verona, em Novembro de 1184, com o Papa Lúcio III, que anatematizou todos os hereges e quem os apoiava, e confirmado mais tarde, pelo o Papa Gregório IX em 1229, e teve como objectivo o combater as heresias, em particular o Catarismo. O Papa Gregório IX, em 20 de Abril de 1233, editou duas Bulas que marcam o reinício da Inquisição. Nos séculos seguintes, ela julgou, absolveu ou condenou e entregou ao Estado, para que as penas fossem aplicadas, vários de seus inimigos propagadores de heresias. A Inquisição funcionou em França, Itália, Espanha, Portugal e no sacro-império romano. Mais tarde, estendeu-se às Américas. 

O nome do Tribunal do Santo Ofício foi alterado para Santa Inquisição Romana e Universal, pelo Papa Paulo III, com a Bula "Licet ab initio", em 21 de Julho de 1542.

O seu nome foi de novo alterado para Sagrada Congregação do Santo Ofício (1542 a 1965), pelo Papa Pio X com a ConstituiçãoSapienti consilio”, de 29 de Junho de 1908.

O seu nome foi de novo alterado, definitivamente, para Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, pelo Papa Paulo VI, em 7 de Dezembro de 1965 com o Motu próprio Integrae servandae.

O seu nome foi finalmente alterado, definitivamente, para Congregação para a Doutrina da Fé, pelo Papa João Paulo II, em 28 de Junho de 1988 com a Constituição Pastor bonus.

O Tribunal do Santo Ofício representava para as pessoas do tempo da sua criação, o que hoje a Congregação para a Doutrina da Fé representa para as pessoas dos nossos dias.

Também funciona com prova da inocuidade da Inquisição para a época, é que nenhum dos Santos da Igreja, que viveram durante o seu tempo, se insurgiu contra ela, porque, na realidade, concordavam com ela. Entre eles, podem-se contar nomes como São Domingos de Gusmão que foi o primeiro Inquisidor, São Pio V que foi Inquisidor, São Tomás de Aquino, e quase todos os santos e beatos da Idade Média, São Francisco de Assis, Santo Anselmo, São Boaventura, Doutores da Igreja, Maria de Jesus de Agreda e muitos outros, achavam a Inquisição necessária. Mas houve também casos, como os de Santo Ambrósio, São João Crisóstomo e Santo Agostinho, que não concordaram com a pena de morte para os casos de heresia.

E mais, os Inquisidores eram escolhidos criteriosamente, tendo de ter mais de 40 anos de idade, tinham de ser doutores em Teologia e Direito Canónico, tinham de ser homens de bem e não podiam ter cadastro algum. Todos eles agiam absolutamente dentro da Moral Cristã da época.

Os primeiros Inquisidores chamados para serem juízes da Inquisição, eram padres Dominicanos, entre eles o grande Santo Mariano, São Domingos de Gusmão, que trabalhavam na busca da verdade e exclusivamente na tentativa de manter pura a Doutrina da Igreja, evitando os desvios heréticos que conduzem as almas ao inferno. Não eram de maneira nenhuma aqueles monstros sinistros retratados em cinematografia barata, realizada por inimigos, ateus e laicos, da Fé Católica e financiada pelas instâncias financeiras e maçónicas, que só estão interessadas em denegrir a imagem da Igreja de Jesus Cristo.

E como já frisei acima, o próprio São Tomás de Aquino, apoiou a Inquisição Católica nos moldes estatuídos na sua criação.

Pelo Concílio de Viena, de 1311, os Inquisidores ficaram obrigados a não recorrerem à tortura, com excepção de aprovação do bispo diocesano e de uma comissão julgadora, caso a caso. 

As penas mais comuns aplicadas pela Inquisição, variavam desde confiscação de bens e prisão até á pena de morte, raras vezes, na fogueira. Os castigos aplicados eram reproduções das punições generalizadas na época, instituídas pelo poder civil, que normalmente era quem se encarregava de aplicar as penas aos hereges, às feiticeiras ou aos sodomitas.

Os Tribunais da Inquisição não eram permanentes, e só se instalavam quando surgia algum caso de heresia, sendo depois desfeitos.

Ao contrário do que foi comum divulgar erradamente, o Tribunal do Santo Ofício era uma entidade jurídica e não tinha sequer forma de executar as penas. O resultado da inquisição feita a um réu, era entregue ao Poder Civil, mas só quando era caso para cumprimento de alguma pena.

O recurso à tortura, que era muito comum nos Tribunais Civis da época, foram sempre uma excepção na Inquisição, tendo recorrido muito raramente a esse procedimento. Ao todo, menos de 10% dos julgamentos envolveu maus-tratos dos acusados. Pela imposição da regra do Concílio de Viena, de 1311, que proibia os eclesiásticos de derramar qualquer gota de sangue dos réus, várias das confissões obtidas sob tortura perderam a sua validade e os acusados foram libertados.

Houve casos pontuais de excessos cometidos pela Inquisição, e por eles, mesmo que não tendo sido da inteira responsabilidade da Igreja Católica, o Papa João Paulo II pediu desculpa à humanidade, num acto solene na Praça de São Pedro no Vaticano, em 2002.

Também existiu no âmbito da Inquisição o Index Librorum Prohibitorum, que era a lista de livros proibidos, e cuja circulação tinha de ser controlada pela Inquisição. Os livros autorizados eram impressos com um "Imprimatur" ("que seja publicado") oficial. Assim era evitada a introdução de conteúdo considerado herege pela Igreja. A primeira versão do Index foi promulgada pelo Papa Paulo IV em 1559 e uma versão revista desse foi autorizada pelo Concílio de Trento. A última edição do Index foi publicada em 1948 e só foi abolido pela Igreja Católica em 1966 pelo Papa Paulo VI.

A Inquisição persistiu até inícios do século XIX.

 

Inquisição Espanhola

A criação da Inquisição Espanhola foi autorizada pelo Papa Sixto IV, através duma Bula, de 1 de Novembro de 1478.  

Em Espanha houve algum aproveitamento da Inquisição para fins políticos, e daí nasceu uma acesa guerra propagandista dos inimigos da monarquia para moverem ataques aos Reis e à Igreja, e levaram a que um revolucionário que adoptou o nome de Montanus se fizesse passar por uma vítima protestante nas mãos da Inquisição Espanhola, e denegrisse a Igreja Católica, através das mentiras que espalhou sobre a Inquisição Espanhola. Sabemos no entanto que em Espanha, a Inquisição a partir de determinada altura, nos finais do século XV, cometeu alguns excessos. Em Abril de 1482, o próprio Papa emitiu uma Bula, na qual concluía: "A Inquisição há algum tempo é movida não por zelo pela fé e a salvação das almas, mas pelo desejo de riqueza". Após essa conclusão, revogaram-se todos os poderes confiados à Inquisição e o Papa exigiu que os Inquisidores ficassem sobre o controle dos bispos locais. O Rei D. Fernando ficou indignado e ameaçou o Papa. A 17 de Outubro de 1483, uma nova Bula estabelecia o Consejo de La Suprema y General Inquisición para funcionar como a autoridade última da Inquisição, sendo criado o cargo de Inquisidor Geral. Seu primeiro ocupante foi Tomás de Torquemada. Até a sua morte em 1498, Torquemada teve poder e influência que rivalizavam com os próprios monarcas Fernando e Isabel, e ficou para a história como a face negra da Inquisição.

D. Fernando e D. Isabel os Reis Católicos

Inquisição Portuguesa

Em Portugal, a Inquisição começou a ser introduzida a partir do século XIV, sendo nomeados como inquisidores-mores, Frei Martinho Velasques em 1376, Frei Vicente de Lisboa em 1399 e Frei Afonso de Alprão em1413.

A criação oficial da Inquisição Portuguesa, no entanto, só foi autorizada pelo Papa Paulo III, através duma Bula, de 1521, mas só começou formalmente em 1536, e realizou o seu primeiro "auto-de-fé" em 1540.

Na sua liderança, havia um "Grande Inquisidor", ou "Inquisidor Geral", nomeado pelo Papa, mas seleccionado pela Coroa Portuguesa e sempre membro da família real. A Inquisição Portuguesa esteve principalmente direccionada aos judeus sefarditas, a quem o Estado forçava a se converter ao Cristianismo. Quando não se queriam converter, eram expulsos de Portugal.

D. João III

D. João III (que reinou entre 1521 e 1557) estendeu a actividade dos tribunais para cobrir temas como censura, adivinhação, feitiçaria e bigamia. Originalmente voltada para uma acção religiosa, a Inquisição Portuguesa passou a exercer influência sobre quase todos os aspectos da sociedade portuguesa: político, cultural e social, mas teve sempre uma actuação limitada em Portugal, e o número de condenados apontados por alguns historiadores maçons é completamente irreal e falso.

Marquês de Pombal  apoderou-se da Inquisição por volta de 1759, e nomeou inquisidor-mor o seu irmão.

A Inquisição Portuguesa foi extinta simbolicamente em 1820/21.

A Inquisição Católica em Espanha (1478 a 1834) e em Portugal (1536 a 1821) tiveram um papel preponderante na conversão de Muçulmanos e Judeus ao Catolicismo. Muitos deles foram obrigados a renegar as suas religiões e a aderir ao Cristianismo ou, então, tinham de abandonar o país.

 

 A Inquisição Protestante

A Inquisição Protestante nasce com Lutero e Calvino e era totalmente submissa ao poder civil da época, portanto no Século XVI.

Todas as injustiças e penas abomináveis de que sempre acusaram a Inquisição (em abstracto), na realidade, foram praticadas pela Inquisição Protestante.

Mais tardiamente, pois, que a Inquisição Católica, surgem os tribunais da Inquisição Protestante utilizados pelas igrejas protestantes. Nos países de maioria protestante houve perseguições terríveis contra Católicos, contra reformadores radicais, outras igrejas protestantes, como os anabatistas, e contra supostos praticantes de bruxaria. Neste caso, os tribunais constituíam-se no âmbito do poder real ou local, geralmente ad-hoc, e não como uma instituição específica.

A “Reforma Protestante” (leia-se o “Ataque e sectarismo contra a Igreja Católica”) expandiu-se rapidamente, porque foi imposta de cima para baixo, sem excepção, em todos os países em que se implantou. O povo foi obrigado a aceitar as novas doutrinas porque os reis e príncipes cobiçavam as terras e bens materiais da Igreja Católica. Foi com os olhos postos nesta riqueza mundana que os soberanos “escolheram” para si e para seu povo as doutrinas dos novos evangelistas, esquecidos de que todo ouro, terra ou prata se enferruja e fenece conforme ensina a escritura: “O vosso ouro e a vossa prata estão enferrujados e a sua ferrugem testemunhará contra vós e devorará as vossas carnes” (Tg 5, 2-3 ). Prova disto foi o facto de que as primeiras providências, eram recolher para o fisco real tudo o que da Igreja Católica poderia se converter em dinheiro.

O facto do Protestantismo ter superado as outras “Inquisições”, em número de mortes e atrocidades, ficou-se a dever a um ingrediente violentíssimo, que cega qualquer autocrítica - o fanatismo desenfreado.

Enquanto o Tribunal Católico e os Juízes Civis, absolveram muitos dos acusados de bruxaria, tome-se como exemplo: Galileu e Casanova, o Protestantismo, em muitos países, não deixou viver um suspeito sequer, enlouquecidos e ávidos por verem as labaredas devorarem a carne trémula de seus condenados sem julgamento, bradando versículos bíblicos endoidecidos, como por exemplo o livro do Êxodo (22,17): “Não deixarás viver a feiticeira”.

Hoje sabe-se, que foi o fanatismo Protestante aliado à superstição da época, que causou o maior genocídio de todos os tempos: A Inquisição Protestante.

Já no início, as posições de Lutero, contra os anabaptistas, causaram a morte de milhares de pessoas… Calvino, pai dos Presbiterianos, mandou queimar o espanhol Miguel Servet Grizar (médico descobridor da circulação do sangue). Um só Inquisidor Protestante, perseguidor de bruxas na Alemanha, Nichólas Romy, considerado grande especialista e que escreveu um longo tratado sobre bruxaria, teve só sob a sua responsabilidade a morte de 900 pessoas.

Diferente dos Tribunais Católicos e civis, entre os Protestantes, parecia haver uma disputa por ceifar mais vidas. Benedict Carpzov perdia a compostura contra a bruxaria, que considerava merecedora de torturas três vezes intensificadas com respeito a outros crimes, e cinco vezes punível com pena de morte. Carpzov era um Luterano fanático, e só num processo, assinou sentença de morte contra 20.000 bruxas. Carpzov, para além do Êxodo (22,17) citava outros textos bíblicos (Lv 19,31; 20,6.27; Dt 12,1-5; I Sm 27…).

Basta folhear a obra de Henry Charles Léa, acusador da Inquisição, para ficar convencido de que na realidade as bruxas foram perseguidas e condenadas em todas as partes, mais pelos detentores do Poder Civil e pelos Protestantes do que pelo tribunal da Igreja. De 1259 até 1526, no auge da perseguição às bruxas, constam somente 72 processos nos Tribunais da Inquisição Católica, contra 262 nos Tribunais Civis.

O que Bommberg escreveu, indica bem as linhas gerais dos procedimentos Civis e Protestantes: “Um juiz francês (poder civil) gabava-se de ter queimado 800 mulheres em 16 anos de magistratura. Queimaram-se 600 pessoas, durante a administração de um bispo Protestante em Bamberga. A caça às bruxas, liderada pelas Igrejas Protestantes, tomou a Grã-Bretanha e a Alemanha. Em Genebra, que era Protestante, foram queimadas 500 pessoas no ano 1515. Em Tréveris (quase exclusivamente o Poder Civil) queimaram-se cerca de 7000 pessoas durante um período de poucos anos”.

O Protestantismo tomou conta dos Países da Europa Central e da Europa do Norte, e foi aí que se verificaram as maiores atrocidades.

Alemanha - Naquele tempo estava dividida em Principados. Como havia muito conflito entre eles, chegaram a acordo que cada Príncipe escolhesse para os seus súbditos a religião que mais lhe conviesse. Princípio administrativo do “cujus regio illius religio”. Os príncipes não se fizeram rogar. Além da administração mundana, passaram também a formular e inventar doutrinas. A opressão sangrenta ao Catolicismo pela força armada foi a consequência de semelhante princípio. Cada vez que se trocava um soberano o povo era avisado que também se trocavam as “doutrinas evangélicas” (Confessio Helvetica posterior (1562) artigo XXX). Relata o historiador Pfanneri: “Uma cidade do Palatinado, desde a Reforma, já tinha mudado 10 vezes de religião, conforme seus governantes eram Calvinistas ou Luteranos.” (Pfanneri. Hist. Pacis Westph. Tomo I e seguintes, 42 apud Doellinger Kirche und Kirchen, p. 55)

Dinamarca - O Protestantismo foi introduzido pelas mãos de Cristiano II, por suas crueldades apelidado de “O Nero do Norte”. Encarcerou bispos, confiscou bens, expulsou religiosos e proclamou-se chefe absoluto da Igreja Evangélica Dinamarquesa. Em 1569 publicou os 25 artigos que todos os cidadãos e estrangeiros eram obrigados a assinar aderindo à doutrina Luterana. Ainda em 1789 se decretava pena de morte ao sacerdote católico que ousasse pôr os pés em solo Dinamarquês. (Origem e Progresso da Reforma, pgna 204, Editora Agir, 1923, em IRC)

Escócia - O poder civil aboliu por lei o Catolicismo e obrigou todos a aderir à “Igreja Calvinista Presbiteriana”. Os padres permaneceram, mas tinham de escolher outra profissão. Quem era encontrado celebrando Missa era condenado à morte. Católicos recalcitrantes foram perseguidos e mortos, igrejas e mosteiros arrasados, livros Católicos queimados. Tribunais religiosos (Inquisições) foram criados para condenar os Católicos clandestinos. (Westminster Review, Tomo LIV, p. 453)

Holanda - Aqui foram as câmaras dos Estados Gerais a proibir o Catolicismo. Com miserável zelo tomaram posse dos bens da Igreja. Martirizaram inúmeros sacerdotes, religiosos e leigos. Fecharam igrejas e mosteiros. A fama e a marca destes fanáticos chegou até ao Brasil. Em 1645 nos municípios de Canguaretama e São Gonçalo do Amarante ambos no actual Rio Grande do Norte cerca de 100 Católicos foram mortos entre dois padres, mulheres, velhos e crianças simplesmente porque não quiseram se “baptizar” na religião dos invasores holandeses. Foram, mais tarde beatificados como mártires. Em 1570 foram enviados para o Brasil para evangelizar os índios o Padre Ináciode Azevedo e mais 40 jesuítas. Vinham a bordo da nau São Tiago, quando foram interceptados em alto mar pelo Calvinista Jacques Sourie. Como prova de seu “evangélico” zelo mandou degolar friamente todos os padres e irmãos e jogar os corpos aos tubarões. (Luigi Giovannini e M. Sgarbossa in Il santo del giorno, 4ª ed. E.P, pg 224, 1978).

Inglaterra - Foi “convertida pela força”, porque o rei Henrique VIII queria se divorciar de Ana Bolena. Como a Igreja não consentiu, ele fundou a “sua” igreja obrigando o parlamento a aprovar o “Acto de supremacia do rei sobre os assuntos religiosos”. Padres e bispos foram presos e decapitados, igrejas e mosteiros arrasados, católicos aos milhares foram mortos. Qualquer aproveitador era alçado ao posto de bispo ou pastor. Tribunais religiosos (inquisições) foram montados em todo o país. (Macaulay. A História da Inglaterra. Leipzig, tomo I, pgna 54 ). Os camponeses da Irlanda pegaram em armas para defender o Catolicismo. Foram trucidados impiedosamente pelos exércitos de Cromwell. No fim da guerra, as melhores terras irlandesas foram entregues aos ingleses Protestantes e os Católicos foram forçados a migrar para o sul do continente. Cerca de 1.000.000 de pessoas morreram de fome no primeiro ano do forçado exílio. Esta guerra criou uma rivalidade entre Ingleses Protestantes e Irlandeses Católicos que dura até hoje.

Suécia - Gustavo Wasa suprimiu por lei o Catolicismo. Jacopson e Knut, os dois mais heróicos Bispos Católicos foram decapitados. Os outros obrigados a fugir, juntamente com padres, diáconos e religiosos. Os seminários foram fechados, igrejas e mosteiros reduzidos a pó. O povo indignado com tamanha prepotência pegou em armas para defender a religião de seus antepassados. Os Exércitos do “Evangélico” rei afogaram em sangue estas reivindicações. (A Reforma Protestante, Pgna 203, 7ª edição, em IRC. 1958)

Suíça - O Senado coagido pelo rei aprovou a proibição do Catolicismo e proclamou o Protestantismo religião oficial. A mesma maldade e vileza ocorreram. Os mártires foram inumeráveis. (J. B. Galiffe. Notices génealogiques, etc., tomo III. Pgna 403).

Na Suíça Protestante, só os casos de condenação de bruxas, descritos nas crónicas conservadas, atingiram os 5417. Nos Alpes Austríacos, as mortes chegaram aos 5000.

Os primeiros Protestantes, que clamavam pela liberdade religiosa nos países católicos, nos seus territórios, suspendiam rapidamente a celebração da Missa e obrigavam os cidadãos, por lei, a assistir obrigatoriamente aos cultos Protestantes. Destruíam as Igrejas Católicas e as imagens [sagradas], além de assassinarem Bispos, Sacerdotes e religiosos. Foram muito mais radicais nos seus territórios do que ocorreu nos territórios católicos.

Apresento alguns exemplos mais chocantes da Inquisição Protestante:

- Bandos Protestantes massacraram os monges da Abadia de São Bernardo de Brémen, no séc. XVI. Os monges foram mortos ou esfolados vivos, atiraram-lhes sal na carne viva, e penduraram-nos no campanário da igreja.

- Em Rochester, na Inglaterra Protestante, 6 monges cartuxos e o bispo foram enforcados, em 1535.

- Henrique VIII mandou queimar milhares de Católicos e anabaptistas no séc. XVI. Curiosamente foi a sua filha católica, Maria, que foi cognominada pelos Protestantes, com o título de "Maria, a sanguinária"!

- João Servet, o descobridor da circulação sanguínea, foi queimado em Genebra, por ordem de Calvino. Porém, é comum se recordar apenas o "Caso Galileu", o qual não foi executado pela Inquisição Católica!

- Na Irlanda, quando Henrique VIII iniciou a perseguição protestante contra os católicos, mais de 1000 monges Dominicanos foram massacrados. Apenas 2 sobreviveram à perseguição.

- Na época da rainha Protestante Isabel Tudor, cerca de 800 Católicos eram assassinados por ano, a seu mando.

- O historiador protestante Henry Hallam afirma: "A tortura e a execução dos Jesuítas, no reinado de Isabel Tudor, foram caracterizadas pela selvajaria e os maus-tratos físicos.”

- Um acto do Parlamento Inglês decretou, em 1652, que: "Cada sacerdote romano deve ser pendurado, decapitado e esquartejado; a seguir, deve ser queimado e sua cabeça exposta num poste em local público".

- Na Alemanha Luterana, os anabaptistas eram cozidos em sacos e atirados aos rios.

- Na Escócia Presbiteriana de John Fox, durante um período de 6 anos, foram queimadas mais de 1000 mulheres acusadas de feitiçaria.

- Nas cidades conquistadas pelo Protestantismo, os Católicos tinham que abandoná-las, deixando nelas todas as suas posses ou então converter-se ao Protestantismo. Se fossem descobertos celebrando a Missa, eram condenados à morte.
É um mito a afirmação de que a prática da tortura foi uma arma Católica na Inquisição. Janssen, um escritor desse período, cita uma testemunha que afirma:
"O teólogo protestante Meyfart descreve a tortura que ele mesmo presenciou: 'Um espanhol e um italiano foram os que sofreram esta bestialidade e brutalidade. Nos países católicos não se condena um assassino, um incestuoso ou um adúltero a mais de uma hora de tortura. Porém, na Alemanha [protestante] a tortura é mantida por um dia e uma noite inteira; às vezes, até por dois dias (...); outras vezes, até por quatro dias e, após isto, é novamente iniciada (...) Esta é uma história exacta e horrível, que não pude presenciar sem também me estremecer".

Noutra altura, cita:
"Em Habsburgo, na Alemanha, no ano 1528, cerca de 170 anabaptistas de ambos os sexos foram aprisionados por ordem do Poder Público. Muitos deles foram queimados vivos; outros foram marcados com ferro em brasa nas bochechas, ou as suas línguas foram cortadas. Ainda em Habsburgo, no dia 18 de Janeiro de 1537, o Conselho Municipal publicou um decreto em que se proibia o culto Católico e se estabelecia o prazo de 8 dias para que os Católicos abandonassem a cidade; ao fim desse prazo, soldados passaram a perseguir os que não aceitaram a nova fé. Igrejas e mosteiros foram profanados, derrubando-lhes as imagens e os altares; o património artístico-cultural foi saqueado, queimado e destruído". 

Em Frankfurt, na Alemanha, foi emitida uma lei semelhante e a total suspensão do culto Católico foi estendida a todos os estados.

- Lutero, nos seus "Comentários ao Salmo 80", em 1530, aconselhava os governantes que aplicassem a pena de morte a todos os hereges.

- No distrito de Thorgau (Suiça), um missionário Zwingliano, liderando um bando Protestante, saqueou, massacrou e destruiu o mosteiro local, inclusive a sua biblioteca e todo o património artístico-cultural.

- Erasmo de Roterdão ficou aterrorizado ao ver fiéis piedosos excitados por seus pregadores protestantes: "Eles saem da igreja como possessos, com a ira e a raiva estampados no rosto, como guerreiros animados por um general". O mesmo Erasmo comenta numa carta que escreveu para Pirkheimer: "Os ferreiros e operários arrancaram as pinturas das igrejas e lançaram insultos contra as imagens dos santos e até mesmo contra o crucifixo (...) Não restou nenhuma imagem nas igrejas nem nos mosteiros (...) Tudo o que podia ser queimado foi lançado ao fogo e o restante foi reduzido a cacos. Nada se salvou".
Foi assim que o Protestantismo destruiu parte do património cultural da Europa, que era protegido e produzido por monges e fiéis Católicos.

- Em Zurique, Suíça, que era protestante, foi ordenada a retirada de todas as imagens religiosas, relíquias e enfeites das igrejas; até mesmo os órgãos foram suprimidos. A catedral ficou vazia como continua até hoje. Os Católicos foram proibidos de ocupar cargos públicos. A assistência à Missa era castigada com uma multa na primeira vez e com penas mais severas nas reincidências. Mesmo fora do perímetro da cidade, era proibido aos sacerdotes celebrar a Missa e, sob a ordem de "severas penas", era proibido ao povo possuir imagens e quadros religiosos em suas casas.
A isto, seguiu-se a queima dos mosteiros e a destruição em massa dos templos católicos. Os bispos de Constança, Basiléia, Lausannw e Genebra foram obrigados a abandonar suas cidades e o território.

Um observador da época, Willian Farel, escreveu: "Ao sermão de João Calvino, na antiga igreja de São Pedro, seguiram-se desordens em que se destruíram imagens, quadros e tesouros antigos das igrejas".

- Em Leifein, no dia 4 de Abril de 1525, 3000 camponeses liderados por um pastor protestante, ex-sacerdote católico, tomaram a cidade, saquearam a igreja, assassinaram os católicos e realizaram sacrilégios sobre o altar, profanando os sacramentos de uma forma inenarrável.

- Um facto bem documentado, mas pouco conhecido pelos Católicos, foi o "Saque de Roma". Foi um dos episódios mais sangrentos do Renascimento. No dia 6 de Maio de 1527, os membros das legiões Luteranas do exército imperial de Carlos V, promoveram um levante e tomaram de assalto a cidade de Roma. Cerca de 18000 mercenários alemães lançaram-se, durante semanas, na pior das repressões, provocando um rio de sangue normalmente "esquecido" pelos historiadores, que não lhe prestam a devida atenção. Um texto veneziano da época, afirma sobre este saque que: 

"O inferno não é nada, quando comparado com a visão da actual Roma". Os soldados Luteranos nomearam Lutero "Papa de Roma". 
Eis mais alguns factos sobre o Saque de Roma que alguns “estudiosos” omitem intencionalmente:
- Todos os doentes do Hospital do Espírito Santo foram massacrados nos seus leitos.
- Dos 55000 habitantes de Roma, 36000 foram massacrados.
- O resgate foi na ordem dos 10 milhões de ducados (uma soma astronómica para a época).
- Os palácios foram destruídos a tiros de canhão, com as pessoas dentro.
- Os crânios dos Apóstolos São João e Santo André serviram para “jogos desportivos” das tropas.
- Ao rio Tibre foram lançados centenas de cadáveres de religiosas, mulheres e crianças, violentadas (muitas com lanças espetadas no seu sexo).
- As igrejas, inclusive a Basílica de São Pedro, foram convertidas em estábulos e missas profanas com prostitutas divertiam a soldadesca.
- Gregórius, fez o seguinte relato: "Alguns soldados embriagados colocaram ornamentos sacerdotais num burro e obrigaram um sacerdote a dar-lhe a comunhão. O pobre sacerdote negou-se, e os seus algozes mataram-no no meio de terríveis tormentos".
- Conta o Padre. Mexia: "Depois disso, sem diferenciar o sagrado do profano, toda a cidade foi roubada e saqueada, não ficando nenhuma casa ou templo que não fosse roubado ou algum homem que não fosse preso e solto apenas após o resgate".
- Erasmo de Roterdão escreve sobre este episódio: "Roma não era apenas a fortaleza da religião cristã, a sustentáculo dos espíritos nobres e o mais sereno refúgio das musas; era também a mãe de todos os povos. Isto porque, para muitos, Roma era a mais querida, a mais doce, a mais benfeitora do que até seus próprios países. Na verdade, o saque de Roma não foi apenas a queda desta cidade, mas também de todo o mundo".
Pouco se fala desta tragédia e verdadeiro crime contra a humanidade, mas basta consultar qualquer livro honesto e transparente sobre a história de Roma.

James Gruet, em 1547, que se atreveu a publicar uma nota criticando Calvino, foi preso, torturado no potro duas vezes por dia durante um mês e, finalmente, sentenciado à morte por blasfémia; seus pés foram pregados a uma estaca e a sua cabeça foi cortada.

Os irmãos Comparet, em 1555, foram acusados de libertinagem e executados e esquartejados; seus restos mortais foram exibidos em diferentes partes de Genebra.

Melanchton, o teólogo da Reforma Luterana, aceitou ser o presidente da Inquisição Protestante que perseguiu os anabaptistas. Como justificação, disse: "Por que precisamos ter mais piedade com essas pessoas do que Deus?", convencido de que os anabaptistas arderiam no fogo do inferno...
A Inquisição Luterana foi implantada com sede na Saxónia, com Melanchton como presidente. No final de 1530, apresentou um documento em que defendia o direito de repressão à espada contra os anabaptistas; e Lutero acrescentou de próprio punho uma nota em que dizia: "Isto é de meu agrado".

Zwínglio, em 1525, começou a perseguir os anabaptistas de Zurique. As penas iam desde o afogamento no lago ou em rios, até a fogueira.

John Knox, pai do Presbiteranismo, mandou queimar na fogueira cerca de 1000 mulheres acusadas de bruxaria na Escócia.

Acerca da Reforma Protestante, Rosseau disse: 

"A Reforma foi intolerante desde o seu berço e os seus autores são contados entre os grandes repressores da humanidade".

A violência Protestante não foi exercida apenas contra os Católicos, mas também contra outros reformadores, que foram brutalmente violentos entre si, como percebemos do que diziam uns dos outros:

- Lutero disse: "Ecolampaio, Calvino e outros hereges semelhantes possuem demónios sobre demónios, têm corações corrompidos e bocas mentirosas".

- Lutero afirmou por ocasião da morte de Zwínglio (1531): "Que bom que Zwínglio morreu no campo de batalha! A que classe de triunfo e a que bem Deus conduziu os seus negócios!", e também: "Zwínglio está morto e condenado por ser ladrão, rebelde e levar outros a seguir os seus erros".

- Zwínglio não ficou atrás e dizia acerca de Lutero: "O demónio apoderou-se de Lutero de tal modo que até nos faz crer que o possui por completo. Quando é visto entre os seus seguidores, parece realmente que uma legião de demónios o possui".



 Alguns dados estatísticos da Inquisição

Os pseudo-estudiosos da Inquisição, normalmente inimigos da Igreja Católica, sempre ao longo da história têm falseado dos dados quanto à crueldade e mortes decorrentes dos Tribunais do Santo Ofício. Esses mesmos pseudo-estudiosos, se daqui a umas décadas olharem para o número de mortos provocados pelos acidentes nas estradas portuguesas (500 mortos) e nas prisões portuguesas (90 mortos) durante um ano, irão certamente afirmar que foram consequência da crueldade da polícia de trânsito e dos guardas dos serviços prisionais. A lógica é a mesma… é preciso é dizer mal!

Da mesma maneira, não deixa de ser, também, hipocrisia, falar mal das mortes na Faixa de Gaza, e ignorar que, por exemplo, no Brasil a violência urbana provoca 50 vezes mais mortos do que os conflitos na Faixa de Gaza.

O que se passou por exemplo em Portugal quanto aos judeus, que eram obrigados a se converter ao Cristianismo, é que sendo condenados, nunca chegavam à fogueira, porque, ou se convertiam ou eram expulsos de Portugal. Muitos pseudo-historiadores lendo sem entenderem, que houve condenados, contabilizam-nos como queimados na fogueira. Mentira!... Bom, já para não falar nas queimas por efígie, que era a queima de bonecos de palha em vez dos condenados…

Desde o século XIX, os historiadores têm gradualmente extraído estatísticas rigorosas e credíveis dos registos dos Tribunais da Inquisição, a partir do qual estimativas foram feitas, ajustando o número registado de condenações pela taxa média de perda de documentos para cada período de tempo estudado, e detectaram-se quedas gigantes dos valores até então difundidos.

Enquanto que Espanha, por ter sido acusada de ter tido uma Inquisição muito cruel, teve muitos estudos válidos sobre a Inquisição, já relativamente a Portugal quase não existem dados sobre as execuções decorrentes do Tribunal da Inquisição. Mesmo assim é possível construir o seguinte quadro com alguns dados sobre a pequenez e inocuidade da Inquisição Espanhola e Portuguesa.

 

QUADRO COM AS MORTES PROVOCADAS POR DIVERSAS CAUSAS

 

Espanha

Portugal

Europa

Mortes ð

Causas ò

Valor Total

Número de anos

Valor Anual

Valor Total

Número de anos

Valor Anual

Valor Total

Número de anos

Valor Anual

Processos da Inquisição Católica

60000

356

168

40000

285

140

 

 

 

Mortos pela Inquisição Católica

826

356

2,3

47

285

0,16

 

 

 

Processos da Inquisição Protestante

 

 

 

 

 

 

Centenas de milhares

171

 

Mortos pela Inquisição Protestante

 

 

 

 

 

 

Dezenas de milhares

171

?

Mortos nas Estradas em 2010

 

 

3600

 

 

500

 

 

 

Mortos nas Prisões   em 2010

 

 

640

 

 

90

 

 

 

Mortos nos Hospitais por infecções Bacterianas em 2010

 

 

3500

 

 

1050

 

 

50000

 

Não há concordância absoluta para as diversas estinativas quanto ao número de mortos na Inquisição Espanhola.

García Cárcel estima que o número total de pessoas julgadas por Tribunais da Inquisição Católica ao longo da sua história foi de aproximadamente 150 mil, dos quais cerca de 3000 foram mortas - só 2% do número de pessoas que foram a julgamento.

Gustav Henningsen e Jaime Contreras estudaram os registos da Inquisição Espanhola, que lista 44674 casos, dos quais 826 resultaram em execuções e 778 em efígies (ou seja, quando um boneco de palha era queimado no lugar da pessoa). (Murphy, Cullen. God's Jury. New York: Mariner Books - Houghton, Miflin, Harcourt, 2012. pp150). 

William Monter estima 1000 execuções entre 1530-1630 e 250 entre 1630-1730. (W. Monter, Frontiers of Heresy: The Spanish Inquisition from the Basque Lands to Sicily, Cambridge 2003, p. 53). 

Jean-Pierre Dedieu estudou os registos de tribunal de Toledo, que colocou 12 mil pessoas em julgamento. 

Henry Kamen estimou para o período anterior a 1530, que houve cerca de 2000 execuções em todos os tribunais da Espanha. (Jean-Pierre Dedieu, Los Cuatro Tiempos, in Bartolomé Benassar, Inquisición Española: poder político y control social, pp. 15-39).

Rino Camillieri, com base no estudo dos processos da Inquisição, concluiu: "Em 50 000 processos inquisitoriais uma ínfima parte levaram à condenação à morte, e dessas só uma pequena minoria produziu efectivamente execuções". (Camillieri, Rino; La Vera Storia dell Inquisizione).

Rino Camillieri assegura, ainda, que Toulouse, considerada uma das cidades em que a inquisição atingiu grau mais forte "houve apenas 1% de sentenças à morte". (Camillieri, Rino; La Vera Storia dell Inquisizione).

Agostinho Borromeu, historiador que estudou a inquisição espanhola pontua: "A Inquisição na Espanha celebrou, entre 1540 e 1700 (160 anos), 44.674 juízos. Os acusados condenados à morte foram apenas 1,8%, isto é, 804 execuções e, destes, 1,7%, isto é, 13 foram condenados em queima de efígies".

Adriano Garuti, historiador escreve: "Contrariamente ao que se pensa, apenas uma pequena fracção do procedimento inquisitorial se concluía com a condenação à morte." (Garuti, Adriano; La Santa Romana e Universale Inquisizione).

Rino Cammilleri diz ainda: “As fontes históricas demonstram muito claramente que a inquisição recorria à tortura muito raramente. O especialista Bartolomé Benassa, que se ocupou da Inquisição mais dura, a espanhola, fala de um uso da tortura 'relativamente pouco frequente e geralmente moderado.” “O número proporcionalmente pequeno de execuções constitui um argumento eficaz contra a lenda negra de um tribunal sedento de sangue.” (Camillieri, Rino; La Vera Storia dell Inquisizione).

Henry Kamen, historiador, afirma "as cenas de sadismo que descrevem os escritores que se inspiraram no tema possuem pouca relação com a realidade." (Kamen, Henry; La inquisicion española: una revisión histórica).

Quero referir que os dados referidos por Henry Charles Lea, historiador americano, quanto a mortes decretadas entre 1540 e 1794, atribuídos aos Tribunais Civis Portugueses, portanto nada tendo a ver com os Tribunais do Santo Ofício, pouca relação terão com a realidade. (The Marrano Factory: The Portuguese Inquisition and its New Christians 1536-1765 de António José Saraiva, traduzido e ampliado por Herman Salomon).

Se associarmos os dados do Quadro seguinte com o número de processos da Inquisição instaurados em Portugal, facilmente compreenderemos que os casos em Portugal foram essencialmente relacionados com as pressões exercidas sobre os judeus para a conversão ao Cristianismo.

 

 

 Conclusões

Como se pôde ver, quase todo o mal que diz da Inquisição Católica, vem de sectores inimigos da Igreja Católica. A outra parte vem dos que se deixaram enganar por eles. O objectivo dos inimigos da Igreja Católica, é o de denegrir e atacar, criando uma animosidade contra ela e evitar conversões à sua Doutrina. Como disse o Arcebispo Fulten Sheen:

“Não existem mais de 100 pessoas neste mundo que realmente odeiem a Igreja Católica, mas há milhões que odeiam o que elas pensam ser a Igreja Católica.”

Arcebispo Fulten Sheen

De facto, os males de que acusam a Inquisição (em abstracto), foram os levados a cabo pela Inquisição Protestante, que essa, em vez de combater os hereges, perseguiu os Católicos e levou-os à morte sem piedade.

A Inquisição Católica veio moderar e introduzir justiça e contenção na fúria e revolta contra os hereges e bruxas, perpetradas pelos Tribunais Civis e pelas mãos do próprio povo.

A avaliação da Inquisição tem de ser feita com os olhos e com os referenciais da moral do seu tempo, e não com os critérios de hoje em dia, pois viviam-se tempos cruéis e sanguinários, em que, independentemente da Igreja, os Tribunais Civis e o próprio povo, cometiam, sem dó nem piedade, os crimes mais horrendos e cruéis.

Nos casos de Portugal e Espanha, a Inquisição foi pedida pelos Reis, para travar as injustiças e os desmandos que grassavam em seus Reinos.

Os próprios santos da época, em que houve a Inquisição, nunca se rebelaram ou insurgiram contra ela, pois concordavam, limitando-se só em alguns casos, em criticar a aplicação da pena de morte.

No cômputo geral, foi muito maior o bem que a Inquisição trouxe ao mundo, do que o mal que fez. E se porventura houve alguns excessos e malefícios decorrentes da intervenção da Igreja, foi claramente a opção por um mal menor, e, por eles, o Papa João Paulo II pediu solenemente perdão ao mundo, em 2002.

Papa João Paulo II



www.amen-etm.org/Inquisicao.htm